Na semana em que se
comemorou o dia das mães, o Conselho Federal de Medicina jogou um balde de água
fria em muitas aspirantes. Ele lançou uma resolução para atualizar as regras
da reprodução assistida. Entre vários pontos, um que chamou a atenção é a
restrição da idade materna para essa prática: 50 anos. A justificativa é que,
após essa época, uma gravidez aumenta os riscos de hipertensão, diabetes e
partos prematuros.
Toda gravidez traz
riscos, podem pensar alguns. Mas ter um bebê não significa apenas gerá-lo. É
preciso criá-lo, o que demanda tempo de vida.
Ao se pensar em ter um
filho, vislumbra-se um bebê. Pensa-se no enxoval, na decoração do quarto, na
banheira e brinquedos. Fica-se no desejo infantil de embalar um pequeno ser.
Filho é para a vida
inteira. Envolve criá-lo, passando pelas diversas fases de seu crescimento. Até
a tão temida adolescência, que anda cada vez mais longa. Para gerar um, bastam
alguns meses. Criá-lo, envolve anos. O que nem sempre é lembrado.
A impressão que dá é
que deste modo vamos esticando nossa vida, dando a sensação que ao viver as
fases mais tardiamente, mais longe estará o nosso fim.
Temos negado nossos
limites, principalmente os físicos. Esticamos aqui e ali, deixando nossa
aparência plastificada. Tomamos vitaminas e outras drogas que nos fazem sentir
sobre humanos. Procriamos mais tarde na ilusão de que podemos tudo. Muitas
vezes, apoiados por profissionais da saúde que também se esquecem de seus
limites.
O que o Conselho Federal
de Medicina fez foi mostrar a realidade como ela é, estabelecendo limites
práticos e plausíveis. Nem por isso, menos difíceis de serem encarados. Mesmo
tendo possibilidades de exercer a maternidade mais tardiamente, há um tempo
para isso. Que deve ser computado com o tempo que se tem para criar um filho
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