Fonte: Exame.abril.com
O êxito da cúpula de
desenvolvimento sustentável da ONU Rio+20, que reunirá em junho cerca de
100 governantes, depende do compromisso de países e instituições, como o FMI e
o BM, para colocar a economia mundial no caminho do respeito ao meio ambiente e
do combate à pobreza, afirmou o chefe negociador do Brasil, o país anfitrião do
evento, André Corrêa do Lago.
“Acredito que a Rio+20 fornecerá os
instrumentos para que o desenvolvimento sustentável seja um paradigma da
economia. Que seja estabelecido que a economia e a luta contra a pobreza, com o
meio ambiente”, são os pilares do desenvolvimento sustentável, disse Corrêa do
Lago. “Acredito que pode haver uma convergência entre a agenda dos países
emergentes, os mais pobres e os desenvolvidos” em favor deste objetivo, afirmou
o negociador e diretor de Meio Ambiente da Chancelaria do Brasil, cuja
presidente, Dilma Rousseff, presidirá a cúpula de 20 a 22 de junho no Rio de
Janeiro.
O grande mandato da cúpula Rio+20, a
pedido da ONU, é que o mundo defina uma trajetória em direção a uma economia
verde e social que coloque em sintonia o desenvolvimento com as necessidades do
meio ambiente e da luta contra a pobreza.
A próxima reunião do Fundo Monetário
Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM) neste mês em Washington debaterá a
cúpula Rio+20 em um encontro promovido pelo secretário-geral da ONU, Ban
Ki-moon, pelo chefe do BM, Robert Zoellick, e pelo ministro da Fazenda
brasileiro, Guido Mantega. Além disso, a Rio+20 reunirá os ministros da Fazenda
do mundo e acolherá um grande fórum de empresários e líderes da economia
mundial.
“Não serve de nada” se empenhar em levar a
economia mundial em direção ao desenvolvimento sustentável “sem envolver estas
entidades, que são as que as áreas econômicas dos países levam a sério”,
ressaltou Corrêa do Lago. “A mudança dos padrões de produção e consumo é
absolutamente vital”, advertiu, sobretudo porque “desde 1992 (ano da Cúpula da
Terra no Rio) centenas de milhares de pessoas entraram na classe média” no
mundo, somando-se ao consumo de bens de um planeta com recursos limitados e
onde problemas como o aquecimento global são prementes.
O rascunho de declaração que os governos
negociam arduamente contempla a adoção de Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável que obriguem os países a assumir metas como segurança alimentar,
acesso à água, empregos verdes e padrões de produção e consumo sustentáveis,
entre outros. Os países em desenvolvimento defendem que estes compromissos
sejam aplicados às nações ricas e não apenas ao mundo em desenvolvimento, como
as Metas do Milênio da ONU. Outra proposta é conseguir que os países se
comprometam a medir seu crescimento não apenas pelo avanço da economia (o PIB),
mas também por indicadores sociais e ambientais.
Ambientalistas e ONGs alertam para o
perigo de uma declaração final muito vaga, na qual os compromissos não passem
de declarações de intenções. Corrêa não esconde que o fantasma da crise
internacional paira sobre as negociações. Mas advertiu que “a crise demonstra
que o que ocorre está equivocado e deve ser uma oportunidade para repensar a
economia”.
Até o momento, a ONU espera na cúpula
cerca de 100 governantes e chefes de Estado, explicou o responsável. Esta será
a quarta cúpula do desenvolvimento sustentável convocada na história, depois de
Estocolmo, em 1972, Rio de Janeiro, em 1992, e Johannesburgo, em 2002.
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