AE - Agência Estado
A corregedora do Conselho Nacional
de Justiça (CNJ), Eliana Calmon, afirmou que há um "corporativismo
ideológico perigosíssimo" nas corregedorias do Poder Judiciário que
favorece a infiltração de "bandidos de toga". "O corporativismo
é uma visão ideológica. Ideologicamente você parte para defender o Poder
Judiciário, e você começa a não ver nada que está ao seu redor. Você não vê
sequer a corrupção entrando nas portas da Justiça, porque você acha que, para
defender o Judiciário, você tem que manter o magistrado imune às críticas da
sociedade e da imprensa", afirmou a ministra, ao participar da 9ª Reunião
Plenária Anual da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de
Dinheiro (ENCCLA), em Bento Gonçalves (RS). "À medida que nós continuamos
com o corporativismo, nós estamos favorecendo que as pessoas venham se esconder
nessa grande arrumação que fizemos: ''Aqui é muito bom, eu posso fazer e estou
fora do alcance da lei''".
Na avaliação da ministra, o Poder
Judiciário padece de uma ideologia de dois séculos de falta de transparência no
País, em referência os primeiros tribunais portugueses. "Nada se esconde
mais, um dos braços e instrumentos da corrupção é exatamente esse fechamento.
Você combate a corrupção com transparência", afirmou. "É uma cegueira
causada pela ideologia. Não vêem que isso está se alastrando. Por isso eu falei
dos bandidos de toga, porque é uma infiltração, uma cultura que tem sido
deletéria no Poder Judiciário".
A ministra afirmou que essa é uma das razões pelas quais a atuação do CNJ vem sendo criticada por alguns
magistrados e entidades de classe. "Num primeiro momento, houve uma grita
em relação à atuação do CNJ. Essa onda passou, como se a intervenção estivesse
sendo aceita, mas ela retorna em um momento em que nós começamos a fazer uma
apuração disciplinar. Ondas que se repetem toda vez que o corporativismo,
leia-se, ideologia, vêm sendo atacado por algum órgão, mesmo que estatal",
afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
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