quinta-feira, 5 de junho de 2014

Jornalistas pararam e deixaram o Paraná preto e roxo. As empresas de rádio, jornais e televisão pagam um salário ridículo para os seus colaboradores. Mas ganham milhões com produtos comercializados

Jornalistas pararam e deixaram o Paraná preto e roxo

     Que destaque merece uma geada no início de inverno em Curitiba? Ainda se fosse em Cuiabá, tudo bem, mas na capital paranaense? Agora, uma cidade amanhecer de preto e roxo é inusitado, não é? Menos para as empresas de comunicação

       A manhã do dia 3 de junho em Curitiba começou fria e com geada. O branco da paisagem já é algo normal na capital paranaense, algo recorrente inclusive quando não é inverno. Porém, no mesmo dia, na mesma manhã, os jornalistas do estado começaram o dia de preto e roxo. Uma manhã inusitada não seria “mais pauta” pra imprensa? Algo como: “manhã começa preta e roxa na capital paranaense”? Mas a regra, infelizmente para os jornalistas, é que as reivindicações dos trabalhadores jornalistas não são mostradas nas mídias hegemônicas.

     Não tomando conhecimento dessa intransigência dos meios de comunicação de massa paranaense, os trabalhadores vestiram a camisa e aderiram à campanha do Sindijor (ver galeria de imagem aqui). Jornalistas de diversas cidades do estado fizeram o dia do preto e roxo. O protesto de cinco minutos (tempo simbólico) nos locais de trabalho chama a atenção para a Campanha Salarial do Sindijor, que foi travada pelos patrões. O motivo? Os representantes patronais alegam que só continuarão a negociar caso o piso diferenciado seja aplicado no estado.

     O Sindijor se posicionou obviamente contrario, mas não fugiu do debate; já os patrões, sim. Os empresários não só travaram as mesas de negociação, como se recusaram a atender itens defendidos pelos trabalhadores, como aumento real, segurança no trabalho, a questão do estágio, anuênio e, claro, a manutenção do piso unificado; uma vitória histórica do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná.

    Após convocar assembleias gerais em diversas cidades paranaenses, os trabalhadores decidiram pelo protesto do preto e roxo. Para a direção sindical, o objetivo é dar um basta no desrespeito por parte das empresas. Assim, a campanha salarial ganhou corpo no estado. O do dia 3 de junho mostrou o repúdio ao piso diferenciado. Um NÃO unânime. A exigência a partir de agora é a reabertura imediata das negociações, com prioridade para o debate sobre o reajuste e o aumento real dos jornalistas paranaenses.


Mobilização

       O Sindijor convocou os trabalhadores jornalistas e outras entidades sindicais para apoiar o ato em defesa da categoria. A Federação Nacional dos Jornalistas e a Central Única dos Trabalhadores apoiaram o protesto. Os dois horários combinados tiveram completa adesão. Tanto pela manhã, às 10 horas, quanto no período da tarde, à partida das 17 horas. “Toda essa insatisfação dos trabalhadores constrói um cenário de mobilização. A capacidade de avançar na negociação está diretamente ligada à adesão da categoria”, disse Guilherme Carvalho.

      Abaixo  assinado:  Os  jornalistas  decidiram  também em assembleia fazer um abaixo assinado sobre a redução do piso no interior e reafirmar a pauta de reivindicação da categoria, que exige reajuste salarial (inflação mais aumento real).O Sindijor já sinalizou que devido à postura dos patrões na atual negociação, a mobilização é a única resposta. Tanto o Sindicato, quanto os trabalhadores consideram que o jornalista do interior não vale menos que o da capital, ele trabalha igual e merece receber o mesmo. Sem contar que o rebaixamento no interior seria uma porta para a redução dos salários também na Capital.

     Mesa de negociação: Para tratar da Convenção Coletiva de Trabalho dos Jornalistas (2014/2015), foram apenas duas rodadas de negociação em 2014. E os patrões vieram com a mesma ladainha de que o setor não vai bem, que as empresas do interior não conseguem arcar com o valor do piso (como se R$ 2,6 mil fosse um salário gordo!). E a proposta? Os patrões novamente propõe um piso que vale menos e, ainda por cima, diferenciado por regiões.

      Faturamento: Entre 2004 e 2013, o faturamento dos meios de comunicação no Brasil aumentou 191%, enquanto a inflação do período foi de 69%. Isso significa que o faturamento aumentou 72% acima da inflação. Em contrapartida, os jornalistas tiveram um reajuste de apenas 70%, ou seja, apenas repuseram a inflação.

       Querem mais um motivo para não aceitar o piso diferenciado? Hoje, segundo dados da RAIS/Ministério do Trabalho, 42,5% dos jornalistas do Brasil ganham menos de quatro salários mínimos, ou seja, já ganham abaixo do piso. Quer dizer, muitas empresas já desrespeitam o piso! O que eles querem é que a gente seja conivente com essa situação, rebaixando os salários.

Autor: Regis Luís Cardoso - Fonte: Sindijor/PR


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