Que destaque merece uma
geada no início de inverno em Curitiba? Ainda se fosse em Cuiabá, tudo bem, mas
na capital paranaense? Agora, uma cidade amanhecer de preto e roxo é inusitado,
não é? Menos para as empresas de comunicação
A manhã do dia 3 de
junho em Curitiba começou fria e com geada. O branco da paisagem já é algo
normal na capital paranaense, algo recorrente inclusive quando não é inverno.
Porém, no mesmo dia, na mesma manhã, os jornalistas do estado começaram o dia
de preto e roxo. Uma manhã inusitada não seria “mais pauta” pra imprensa? Algo
como: “manhã começa preta e roxa na capital paranaense”? Mas a regra,
infelizmente para os jornalistas, é que as reivindicações dos trabalhadores
jornalistas não são mostradas nas mídias hegemônicas.
Não tomando
conhecimento dessa intransigência dos meios de comunicação de massa paranaense,
os trabalhadores vestiram a camisa e aderiram à campanha do Sindijor (ver
galeria de imagem aqui).
Jornalistas de diversas cidades do estado fizeram o dia do preto e roxo. O
protesto de cinco minutos (tempo simbólico) nos locais de trabalho chama a
atenção para a Campanha Salarial do Sindijor, que foi travada pelos patrões. O
motivo? Os representantes patronais alegam que só continuarão a negociar caso o
piso diferenciado seja aplicado no estado.
O Sindijor se
posicionou obviamente contrario, mas não fugiu do debate; já os patrões, sim.
Os empresários não só travaram as mesas de negociação, como se recusaram a
atender itens defendidos pelos trabalhadores, como aumento real, segurança no
trabalho, a questão do estágio, anuênio e, claro, a manutenção do piso
unificado; uma vitória histórica do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do
Paraná.
Após convocar
assembleias gerais em diversas cidades paranaenses, os trabalhadores decidiram
pelo protesto do preto e roxo. Para a direção sindical, o objetivo é dar um
basta no desrespeito por parte das empresas. Assim, a campanha salarial ganhou
corpo no estado. O do dia 3 de junho mostrou o repúdio ao piso diferenciado. Um
NÃO unânime. A exigência a partir de agora é a reabertura imediata das
negociações, com prioridade para o debate sobre o reajuste e o aumento real dos
jornalistas paranaenses.
Mobilização
O Sindijor convocou os
trabalhadores jornalistas e outras entidades sindicais para apoiar o ato em
defesa da categoria. A Federação Nacional dos Jornalistas e a Central Única dos
Trabalhadores apoiaram o protesto. Os dois horários combinados tiveram completa
adesão. Tanto pela manhã, às 10 horas, quanto no período da tarde, à partida
das 17 horas. “Toda essa insatisfação dos trabalhadores constrói um cenário de
mobilização. A capacidade de avançar na negociação está diretamente ligada à
adesão da categoria”, disse Guilherme Carvalho.
Abaixo assinado: Os jornalistas decidiram também em assembleia fazer um abaixo assinado sobre a
redução do piso no interior e reafirmar a pauta de reivindicação da categoria,
que exige reajuste salarial (inflação mais aumento real).O Sindijor já
sinalizou que devido à postura dos patrões na atual negociação, a mobilização é
a única resposta. Tanto o Sindicato, quanto os trabalhadores consideram que o
jornalista do interior não vale menos que o da capital, ele trabalha igual e
merece receber o mesmo. Sem contar que o rebaixamento no interior seria uma
porta para a redução dos salários também na Capital.
Mesa de negociação:
Para tratar da Convenção Coletiva de Trabalho dos Jornalistas (2014/2015),
foram apenas duas rodadas de negociação em 2014. E os patrões vieram com a
mesma ladainha de que o setor não vai bem, que as empresas do interior não
conseguem arcar com o valor do piso (como se R$ 2,6 mil fosse um salário
gordo!). E a proposta? Os patrões novamente propõe um piso que vale menos e,
ainda por cima, diferenciado por regiões.
Faturamento: Entre 2004
e 2013, o faturamento dos meios de comunicação no Brasil aumentou 191%,
enquanto a inflação do período foi de 69%. Isso significa que o faturamento aumentou
72% acima da inflação. Em contrapartida, os jornalistas tiveram um reajuste de
apenas 70%, ou seja, apenas repuseram a inflação.
Querem mais um motivo
para não aceitar o piso diferenciado? Hoje, segundo dados da RAIS/Ministério do
Trabalho, 42,5% dos jornalistas do Brasil ganham menos de quatro salários
mínimos, ou seja, já ganham abaixo do piso. Quer dizer, muitas empresas já
desrespeitam o piso! O que eles querem é que a gente seja conivente com essa
situação, rebaixando os salários.
Autor: Regis Luís
Cardoso - Fonte: Sindijor/PR
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