terça-feira, 19 de outubro de 2010

Julgamento sobre pedido de acesso a processo de Dilma é suspenso

                Jornal pediu acesso a processo que levou à prisão de petista na ditadura.
               AGU pediu vista sob o argumento de que a União deveria ter sido citada.



Jornalista Débora Santos  
do G1 em Brasília
 
                       Por 9 votos a 2, os ministros do Superior Tribunal Militar (STM) decidiram nesta terça-feira (19) suspender por três sessões ordinárias o julgamento do pedido do jornal “Folha de S.Paulo” para ter acesso ao processo que, durante a ditadura militar, levou à prisão Dilma Rousseff, atual candidata do PT à Presidência da República.

               O julgamento foi interrompido por um pedido de vista protocolado nesta segunda-feira (18) pela Advocacia Geral da União (AGU). Segundo o coordenador de Assuntos Militares da AGU, Maurício Muriack, a União deveria ter sido citada na ação.

                “A AGU não foi intimada, o que leva a um vício do devido processo legal. Não se trata aqui de um formalismo. Está se falando de uma formalidade essencial. Essa é uma prerrogativa legal da União, da qual ela não pode abrir mão”, afirmou Muriack.

                  O pedido questiona decisão do presidente do STM, Carlos Alberto Marques Soares, que impediu o jornal de ter acesso aos documentos. A decisão sobre o caso foi adiada no último dia 5 de outubro pelo pedido de vista da ministra Maria Elisabeth Rocha.

                  A advogada da “Folha de S.Paulo”, Taís Gasparian, classificou o pedido da AGU como “intempestivo”. Ela disse ainda que a AGU não é parte de processo e afirmou ser importante julgar o assunto com rapidez.

                 “O julgamento já teve início. É completamente intempestivo o pedido de vista de um processo que já entrou neste tribunal há mais de mês. É importantíssimo que este processo seja julgado com a devida celeridade. Já fomos criticados por ter impetrado o mandado às vésperas da eleição. Ocorre que a ministra Dilma só virou candidata em julho e esse tempo que foi necessário”, afirmou a advogada.

                Durante o julgamento, o subprocurador-geral de Justiça Militar, Roberto Coutinho, afirmou que o pedido de vista da AGU seria uma tentativa de adiar o julgamento para depois do segundo turno das eleições, marcado para o dia 31 de outubro.

                “Aqui se trata de interesses particulares. E eu me pergunto: qual o direito fundamental da União que está em jogo? Não vejo como suspender um processo dessa natureza, onde o direito líquido e certo do impetrante será prejudicado. Parece mais uma tentativa da AGU de procrastinar esse julgamento para depois do segundo turno”, afirmou o subprocurador.

                   “Temos que pensar na eleição. O impetrante pensa objetivo. Se passar a eleição será uma grande pizza. Estamos demorando muito para tomar essa decisão”, afirmou o ministro Raymundo Nonato de Cerqueira Filho, que votou contra a suspensão da análise do pedido do jornal.

                   O julgamento poderá ser retomado a partir do dia 28 de outubro, mas a apresentação do processo fica a critério do relator.



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