Oito meses após o
governo divulgar os salários do funcionalismo federal, o Itamaraty liberou
sexta-feira à noite a consulta aos vencimentos dos diplomatas que estão no
exterior. Levantamento feito a partir dos dados divulgados mostra que toda a cúpula
da diplomacia brasileira recebe salário maior do que a presidente da República.
A Constituição
estabelece que o teto dos servidores públicos deva ser o de um ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF), hoje equivalente a R$ 26.723,13, mesmo valor
recebido pela presidente Dilma Rousseff. No total, são pelos menos 132
diplomatas nessa situação.
Mas o número pode ser
maior porque o levantamento considerou apenas os ministros de primeira classe
do Itamaraty e que, no exterior, atuam como embaixadores ou comandam
escritórios em organismos internacionais e chefiam consulados gerais. O mais alto
salário é de R$ 58,9 mil pagos em janeiro deste ano ao embaixador Paulo Américo
Veiga Wolowski, que está em Brazzaville, capital da República do Congo.
Outros doze diplomatas
brasileiros receberam mais do que R$ 50 mil em janeiro. São embaixadores brasileiros
em países como Iraque, Japão e Angola. O mais baixo salário da lista de 132
embaixadores lotados no exterior é de R$ 31,8 mil, pago ao representante do
Brasil no consulado geral em Buenos Aires.
Para montar o ranking
dos mais altos salários da diplomacia brasileira no exterior foram considerados
no cálculo tanto o salário bruto básico como as verbas indenizatórias
informadas pelo Itamaraty no portal da transparência da Controladoria Geral da
União (CGU).
Segundo a própria CGU,
no caso dos diplomatas no exterior, a verba indenizatória inclui o pagamento de
valores referentes à representação no exterior e também ao “fator de correção
cambial”. Esse fator varia de acordo com o posto ocupado pelo diplomata,
seguindo o custo de vida na cidade onde está lotado. Não incluiu na conta
férias recebidas por alguns dos embaixadores, benefício legal que não é
limitado pelo teto constitucional.