Antonio Peralta (In Memorian)
Falecido em 29/07/2015 aos 85 anos
Pioneiro da Cidade de Maringá - Paraná
Jornalista
Gesli Franco
Especial
para a Gazeta do Povo
Na
era das redes sociais e da promessa da realidade virtual, Antônio Peralta ainda
preferia a Enciclopédia Barsa ao Google. Os filhos e os netos até tentaram
apresentá-lo aos sites de buscas para facilitar as pesquisas do dia a dia, mas
ele se manteve fiel ao livro como sua principal fonte de informações. Rosane
Peralta conta que o pai era inquieto e curioso, mas que a tecnologia o levava
para longe dos hábitos da velha guarda que ele tanto prezava. Além dos livros,
outra paixão era o seu time de coração. Palmeirense, ele sabia de cor a
escalação do alviverde paulistano e de todas as equipes brasileiras em campo.
A
boa memória proporcionava riqueza de detalhes na hora de contar como ajudou a
desbravar Maringá, no Noroeste do Paraná. Ele a família foram pioneiros do
município. Nascido em Presidente Bernardes, interior de São Paulo, mudou-se
para Londrina, no Norte paranaense, mas escolheu a “Cidade Canção” para ser a
nova morada, em 1947.
Descendentes
de espanhóis por parte de pai e de italianos pelo lado da mãe, ele e os cinco
irmãos batalharam desde cedo para ajudar a colocar o pão na mesa. Logo após a
instalação em Maringá, abriram a Casas Peralta, comércio de secos e molhados.
Após dez anos, já no fim da década de 1960, a família decidiu encerrar o
negócio e Antônio passou a ganhar a vida com agricultor e pecuarista.
Teve
ao longo de várias décadas propriedades rurais nos municípios de São João do
Caiuá, Quinta do Sol, Vera Cruz do Oeste, Altônia e também em Maringá. Até
1975, ano da grande geada que dizimou praticamente todos os cafezais do Norte
do Paraná, trabalhou com a cultura do café. Posteriormente, por muitos anos,
dedicou-se ao cultivo da soja e também à pecuária de corte, período em que se
tornou membro da Sociedade Rural de Maringá (SRM).
Em
11 maio de 1957, Antônio se casou com Mariana Garcia. Da união nasceram quatro
filhos, Rosane, Antônio Carlos, Regina e Rosely. “Ele foi um homem de pouco
estudo e era motivo de muito orgulho para ele o fato de eu e meus irmãos termos
nos formado na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e feito mestrado e
doutorado”, conta Rosane.
Além
dos estudos, os filhos também deram outras alegrias ao pai: os netos. Foram
sete ao todo. “Uma neta mais apressadinha também o presenteou com um bisneto,
Bernardo, atualmente com seis anos, o verdadeiro xodó de toda a família”, conta
Rosane.
A
filha acrescenta também que o pai participou da educação de quatro cunhados e
foi o grande exemplo de todos eles. “Como os pais da minha mãe faleceram muito
cedo, meus tios vieram ainda adolescentes morar conosco. Por muitos anos, a
pequena casa abrigou dez pessoas”, recorda-se. Com um coração tão acolhedor,
havia algo carismático em Antônio que ia além do sorriso e dos atos bondosos.
Todos queriam rodeá-lo, ouvi-lo, passear com ele na velha picape azul.
Antônio sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) em 2010. Desde então passou a
conviver com as sequelas. Em 29 de julho, um novo AVC o levou ao hospital.
Faleceu pouco depois. Deixou uma grande família: mulher, quatro filhos, sete
netos e um bisneto.
Na minha infância eu brinquei muito na Praça Vereador Napoleão Moreira da Silva