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A conferência sobre as
mudanças climáticas de Doha entrou nesta segunda-feira, 03/12/2012, em sua fase
final com a participação dos ministros de mais de 190 países nas negociações,
que devem alcançar um acordo sobre o segundo ato do protocolo de Kyoto e a
ajuda financeira aos países mais frágeis.
Paralelamente a estes longos e complexos debates característicos da ONU, as más
notícias sobre o aquecimento do planeta continuavam se acumulando. Segundo um
estudo recente, no ritmo em que aumentam as emissões de COº2 , a mais de
3% anuais entre 2000 e 2011, o aumento da temperatura pode superar 5ºC em 2100,
ou seja, três graus a mais do que os cientistas apresentam como o limite a
partir do qual a maquinaria climática pode se acelerar.
Por sua vez, a estimativa mais precisa realizada até a data sobre o degelo das
calotas polares mostrou que se acelerou nos últimos 20 anos, contribuindo em
20% para o aumento dos oceanos durante este período.
"O que me frustra é que estamos muito longe do que a ciência nos indica
que devemos fazer" para conter o aquecimento, reconheceu nesta
segunda-feira a responsável pelo Clima das Nações Unidas, Christiana Figueres,
durante uma coletiva de imprensa.
"O que me dá esperanças é que nos últimos dois ou três anos este processo
fez mais progressos do que os obtidos nos dez anos anteriores",
acrescentou.
Um dos objetivos da conferência de Doha, que termina na sexta-feira, é assinar
o segundo ato do protocolo de Kyoto, único instrumento legalmente vinculante
que compromete os países industrializados a reduzir suas emissões de gases de
efeito estufa (GEI), depois da expiração do primeiro período de compromisso, no
fim de dezembro.
Um acordo global, que nesta oportunidade envolveria todos os países, incluindo
os principais poluidores - Estados Unidos e China, que não ratificaram Kyoto -,
deve ser assinado em 2015 para entrar em vigor em 2020."No fim da
conferência de Doha, teremos aprovado as emendas necessárias para entrar em um
segundo período de compromisso do protocolo a partir de 1 de janeiro de
2013", sustentou Figueres.
No entanto, depois de uma semana de negociações, os detalhes não foram
resolvidos e eram registradas divergências entre a Aliança das Ilhas Pequenas
(AOSIS), muito vulneráveis ao aumento do nível dos mares, e a União Europeia
(UE), o ator principal de Kyoto 2 depois da renúncia de Japão, Canadá e Rússia.
Entre os muitos pontos de tensão, a AOSIS exige que Kyoto 2 dure apenas cinco
anos, e não oito, como pede a UE, para "evitar fixar durante muito tempo
objetivos de redução de GEI que não são suficientemente ambiciosos".
Outro ponto delicado é "o ar quente", um superávit de quotas de
emissões que os ex-países da Europa Oriental e, sobretudo, a Polônia, herdaram
de Kyoto 1 e querem prorrogar em Kyoto 2