A
poucos meses de completar seis anos de vigência da Lei Maria da Penha, o Paraná foi
apontado como a terceira unidade da federação em violência contra a mulher.
Com 388 homicídios femininos registrados em 2010, o estado teve uma taxa de 6,3
assassinadas para cada 100 mil mulheres. Espírito Santo (com 9,4 casos/
100 mil mulheres) e Alagoas (8,3/100 mil) lideram o ranking. Os
números fazem parte de um estudo complementar do Mapa da violência, divulgado
nesta segunda-feira (7), pelo Instituto Sangari.
O
índice de mulheres assassinadas no Paraná supera a média nacional, que ficou em
4,4 homicídios femininos por grupo de 100 mil. A taxa paranaense também é maior
do que a de países como a Colômbia (6,2 por 100 mil mulheres), Belize (4,6)
e Cazaquistão (4,3).
O
Paraná tem, ainda, cinco municípios com mais de 26 mil habitantes entre os 50
com mais casos de assassinatos de mulheres em relação à própria população
feminina. Piraquara, na região metropolitana, ocupa o segundo lugar no
ranking, com 11 mulheres vítimas de homicídio a taxa de 24,4 casos por 100 mil
habitantes do sexo feminino. As outras cidades paranaenses da lista são Araucária (22º
lugar), Fazenda Rio Grande (32º lugar), Telêmaco Borba (39º) e União
da Vitória (46º).
Curitiba aparece
em 59º lugar no rol. De acordo com o estudo, a capital paranaense teve taxa de
4,7 mulheres assassinadas por 100 mil (95 homicídios). Apesar de ser superior
ao índice nacional, à cidade está em 21º lugar no ranking das capitais com mais
casos de violência contra a mulher.
A
pesquisa revela que as mortes se concentram na faixa etária entre 20 e 29 anos
(com 7,7 mulheres assassinadas por 100 mil habitantes femininas). Na maioria
esmagadora dos casos, o assassino está dentro de casa: em 27,1% dos
assassinatos, o autor do crime é o próprio cônjuge da vítima; em 8,3% é o
ex-companheiro quem comete o crime. Em 68% das vezes, os assassinatos são
cometidos na própria residência das mulheres.
O
levantamento vai ao encontro da análise do delegado Rubens Recalcatti, chefe da
Delegacia de Homicídios de Curitiba. Para ele, nos últimos dez anos, houve
uma mudança drástica no comportamento das mulheres, o que contribui para a
multiplicação dos casos. “As mulheres passaram a frequentar o mundo das drogas
e a se relacionar com pessoas erradas. Elas queriam direitos iguais e, quando
os conquistaram, não souberam o que fazer. É preciso respeitar as igualdades e desigualdades
de cada um”, pontuou o delegado.
Para
a presidente da Comissão da Mulher Advogada, da Ordem dos Advogados do Brasil, Sandra
Lia Leda Bazzo Barwinski, a violência contra a mulher no país está arraigada e
é perpetuada em família, independentemente das classes sociais. “Só acontece
com quem se submete a essa cultura em que o homem pode bater na mulher e, inclusive,
matá-la. Para a mulher, seja por dependência afetiva ou financeira, é difícil
romper essa barreira”, disse