Crédito da foto: Arquivo/Gazeta do Povo
"ex-deputado federal tenta explicar o inexplicável"
O Secretário de Indústria e Comércio do Estado
do Paraná, Ricardo Barros (PP), anunciou nesta sexta-feira (3) que vai deixar a
pasta para trabalhar na campanha de Roberto Pupin, também do PP, à Prefeitura
de Maringá. A licença não é remunerada e quem assume o cargo é o diretor-geral
da secretaria, Ercílio Santinoni.
O anúncio vem quatro dias após
a divulgação de gravações telefônicas, feitas pelo Ministério Público (MP),
cujo secretário orienta um funcionário da Prefeitura de Maringá a fazer um
acordo com empresas que disputavam um processo licitatório no Executivo municipal.
Ricardo Barros negou que houve
qualquer irregularidade nas conversas que manteve com o servidor e garantiu que
não utilizou o cargo para exercer influências. Atualmente, o prefeito de
Maringá é Silvio Barros, irmão do secretário.
Em nota, Barros afirmou que com o
bom desempenho do candidato Roberto Pupin, no primeiro debate entre os
candidatos, as chances de vitória no primeiro turno aumentaram e por isso ele
vai se licenciar do cargo antes do previsto. O secretário sai da sexta-feira
(10) e retorna, segundo a nota, após as eleições. "Serão semanas de
dedicação exclusiva às campanhas, sobretudo nas cidades de Maringá e Londrina,
que são consideradas fundamentais pela direção nacional do Partido. Não há como
conciliar com o trabalho no Governo do Estado", afirma Barros, que é
vice-presidente nacional do PP
Relembre
as investigações do Ministério Público do Paraná
As gravações foram
autorizadas pelo Tribunal de Justiça (TJ) e mostram Barros sugerindo ao então
Secretário Municipal de Saneamento de Maringá, Leopoldo Fiewski, que arranjasse
um encontro para realização de acordo entre as duas empresas que participavam
de um processo de licitação para publicidade da cidade. O contrato era de R$
7,5 milhões.
Barros se defendeu dizendo
que atuou como coordenador político e não como secretário de Estado. Ele
argumentou também que não pediu para que houve favorecimento de uma empresa e
que tinha a preocupação que o MP derrubasse a licitação, ficando apenas um
concorrente.
Confira a transcrição de trecho
obtido com exclusividade pelo jornal Gazeta do Povo:
Ricardo Barros – É, bom, sobre a licitação da publicidade
Leopoldo Fiewski – Tá
Ricardo Barros – Você viu que tem duas empresas só, né?
Leopoldo Fiewski – Sim, fiquei sabendo ontem
Ricardo Barros - Tá, então primeiro fica a minha preocupação né
Leopoldo Fiewski – Hum hum
Ricardo Barros – Que os caras não podem ter montado um negócio desses né.
Que era para ser filha única só, concorrente única
Leopoldo Fiewski – Hum hum
Ricardo Barros – Então, inicialmente, o requisito não cumpre isso.
Segundo, eu queria que você promovesse uma conversa dos dois: da Trade com a
Meta
Leopoldo Fiewski – Tá
Ricardo Barros – Um acordo nisso aí. Tá bom?
Leopoldo Fiewski – Tá. Hum hum
Ricardo Barros – Quem sabe fazemos uma solução salomônica aí. Porque eu
achava que eles tinham se preparado para... Você imagina se ficasse um
licitante só. A situação nossa, nossa situação
Leopoldo Fiewski – Ia ficar muito ruim, né. Mas muito ruim
Ricardo Barros – Claro, corremos o risco de o Ministério Público mandar
suspender e ficamos sem propaganda, pô! Entendeu?
Então, eu não gosto de coisa de amador, sabe Léo. De qualquer forma você, por
favor, vê se faz um entendimento aí