quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Turismo ameaçado por bandidos de cada cinco ônibus que passa pelas estradas do Paraná pelo menos um é tomado pelos ladrões Estamos revivendo os tempos do cangaço cadê a nossa segurança

As empresas de ônibus cansadas de serem assaltadas nas estradas do Paraná 
estão sendo obrigadas a contratar os serviços especializado de "Escolta Armada"

     A maioria dos ônibus só estão viajando com escolta armada. A cena está ficando corriqueira nas estradas do Estado do Paraná, principalmente na região de Maringá no Norte do Paraná.  Depois que começou uma onda de assaltos a ônibus de turistas de  compras, como o que ocorreu na segunda-feira (27), quando um ônibus de sacoleiros de Joinville foi assaltado na subida da Serra, na BR-376.

     O ônibus foi rendido por oito pessoas. Os passageiros foram obrigados a tirar a roupa e depois trancados no bagageiro. A polícia não tem uma estatística oficial do número de casos, mas o medo é grande entre donos de empresa de turismo, passageiros e motoristas.

     Para garantir a segurança, as empresas estão investindo em escolta armada e no monitoramento por satélite dos ônibus. Investimento que tem aumentado em torno de 20% o custo das viagens. “Uma escolta custa em torno de R$ 10 mil por mês. Um empresário disse que não repassa o custo total para os passageiros”, afirmou Wilsimar Rocha, dono da Excursões do Mano, que realiza viagens de compras para São Paulo e Paraguai duas vezes por semana.

     Mano, como é conhecido, contou que está viajando com escolta há um mês. “Fiquei preocupado depois que houve assaltos na Serra para Curitiba (BR-376) e foram assaltos com violência. Claro que a escolta não vai impedir os assaltos, mas inibe a ação dos bandidos”, acredita o empresário.

     Mesmo com a vigilância, o comerciante Gilson Rosa, 40 anos, disse que viaja preocupado. A gente vai e volta bem inseguro. Depois que passa o pedágio de Garuva (na BR-101) o coração fica apertado. Com a escolta fico um pouco mais tranquilo, mas está muito perigoso viajar pelas estradas do Paraná, afirmou.

     O motorista Rodrigo Tiago da Rocha, 32 anos, afirma que estar escoltado deixa a viagem mais tranquila. No entanto, ele se preocupa que outras viagens da empresa possam ficar visadas pelos ladrões. “Só os nossos ônibus para compras vão com escolta, os de excursões não. A nossa preocupação é que os ladrões confundam os dois e passem a atacar os de excursões”, disse.

     Os lojistas que vão fazer comprar na região Sudeste estão exigindo que as empresas invistam em mais segurança. A Pape Turismo teve que contratar o serviço de escolta armada para manter os clientes.  “Tem lojista que só viaja conosco se tivermos escolta. É um custo alto. Apesar de absorvermos o maior valor, ainda assim as viagens estão saindo uns R$ 30 mais caro por passageiro”, explicou Nicéia Souza Sartori, proprietária da Pape Turismo.

     Além dos vigilantes, a empresa também adota medidas de prevenção como só aceitar passageiros indicados por clientes antigos, não param para lanche ou jantar, não pegam passageiros no caminho e às vezes muda os horários e os roteiros das viagens.

     Os motoristas da Richter Turismo, umas das principais empresas de fretamento de Joinville, são orientados a seguirem os ônibus de linha, ficarem atentos a qualquer movimentação estranha na estrada e, em caso suspeito, acionarem a polícia. “Os nossos motoristas estão viajando preocupados”, afirmou Ricardo Richter, dono da Richter Turismo.

     A dona da Happy Tur, Jane Niehues, abriu mão das viagens de compras em nome da segurança. “Não faço mais viagens para Foz do Iguaçu porque é muito perigoso. Também fechei parceria com uma empresa de Araranguá, no Sul do Estado, que tem ônibus monitorados por satélite. Outra medida foi sair de Joinville durante o dia para pegar mais movimento na rodovia”, contou Jane.

     Ela também costuma encaminhar oficio à PRF/PR (Polícia Rodoviária Federal) solicitando escolta, em um trecho de 20 quilômetros, quando passam por Curitiba. Como ela organiza apenas cinco ou seis excursões por mês, contratar o serviço de escolta fica muito caro. “Hoje 46% das nossas viagens são via aérea por uma questão de preço, segurança e agilidade. Se tivermos que colocar escolta nos pacotes terrestres o preço ficaria igual ao aéreo. Impraticável”, disse.

     De acordo com coordenador de operações da Mazari Vigilância e Segurança, Luiz Fernando Medeiros, a escolta rodoviária já representa 30% do faturamento da empresa.

     “Ano passado não havia nenhum ônibus escoltado. Este ano, 95% dos ônibus saem com escolta, principalmente os que vão para São Paulo e Foz do Iguaçu”, comentou o coordenador. Para atender a demanda, a Mazari aumentou em 10% o seu efetivo e em 5% a frota rodoviária. “É um segmento que está crescendo por causa dos assaltos”, disse.

     A polícia não tem estatística do número de assalto a ônibus ocorridos. Na delegacia de São José dos Pinhais (PR) foram registrados trinta casos entre fevereiro e junho. Segundo informações da PRF/PR podem ter sido dez casos e o serviço de contra-inteligência da Mazari aponta mais de 80 assaltos em Santa Catarina e no Paraná

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